quinta-feira, 17 de março de 2011

Nem tudo são Rosas


Nem sempre são Rosas...as vezes são botões a desabrochar

Mês de Março - mês no qual comemora-se o Dia Internacional da Mulher, depois da comemoração, em abril, do Dia do Índio e antes, portanto, de comemorar-se o Dia da Criança, em outubro, e o Dia Nacional da Consciencia Negra em 20 de Novembro! 

Não obstante, o que essas datas tem em comum?

O Dia Internacional da mulher é lembrado depois que cento e vinte e quatro mulheres, em 1857, morreram queimadas dentro de uma fábrica têxtil,  no Estado de Nova York, por uma ação policial, porque, simplesmente, reivindicavam redução da jornada de trabalho e direito à licença maternidade.

O dia do Indio - comemorado pelas escolas, lembrados pelos museus e festejados pelos municípios - foi criado em 1943 pelo presidente Getúlio Vargas, por meio de um decreto de lei com o objetivo de implicar uma reflexão sobre a importância da preservação dos povos indígenas, da manutenção de suas terras e respeito às suas manifestações culturais.

O Dia Nacional da Consciência Negra, existente desde a década de sessenta é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira, como também uma forma de relembrar sua bravura e resistência a escravidão que construiu as bases do nosso Brasil.

Já o Dia da Criança, no Brasil oficializado pelo presidente Arthur Bernardes, em 1924, também é outra data muito comemorada, principalmente, depois de se tornar tão comercializada e, mais do que isso, é reconhecida mundialmente por inúmeros países e pela ONU como Dia Universal das Crianças.

Sendo assim, conclui-se que são datas comemorativas por um único motivo - O Direito dos socialmente frágeis! De pessoas que apesar de ser iguais a todas não tem os mesmos direitos na prática, são menos valorizadas no mercado de trabalho, sofrem preconceitos dentro e fora da família, não são tratadas da como merecem. 

É por isso que ao invés de comemorar apenas com rosas e chocolates, cocar e penas, danças e brinquedos é preciso ir além, refletir. As datas são importantes, entretanto, parecem ter pouca ressonância!

Sendo assim, sobre o Dia da Mulher, em especial, a colunista Lya Luft, no artigo Dia da Pessoa, revista Veja, comenta que não julgaria a importância da comemoração, apesar do feminismo do século passado ter tido muito importância, mas ressalta que parece que o Dia da Mulher diminuiu sua importância na medida em que conseguimos trabalhar, ganhar dinheiro, pagar contas, sair de casamentos infelizes, namorar sem ter de casar, viver sem estar pendurada numa figura masculina. Em nenhuma figura.

Além disso, a colunista completa:

"Então o Dia Internacional da Mulher ainda faz sentido? Fará, enquanto houver tantas coisas a resolver, com a mulher, o índio, o negro, a criança. E, quando tudo estiver resolvido no mundo da utopia, quem sabe vai persistir, como acontece com o Dia da Mãe e o Dia do Professor, para lembrar que um telefonema, um abraço, um almoço, um carinho extra sempre são bem vindos.".

O dia da Pessoa ...

"A gente está na luta. Mulheres e homens e crianças e jovens, porque um não muda sem mudar alguma coisa no outro, um não sofre nem se alegra sem que algo disso se reflita nos demais. Então quem sabe a gente não Unifica tudo isso, e inventa o Dia da Pessoa?"

"Quando não se lembraria que pai, mãe, amigo, avó, sogra, médico, professor e outros que convivem conosco não são entidades nem atributos naturais nem instrumentos a usar nem degraus a subir, mas gente: de coração, emoção, amores e dores, esperanças, sonhos secretos, e toda uma vida às vezes difícil, esperando ser aqui e ali adivinhada, apreciada, respeitada, homenageada.".

A meu ver só resta aplaudir as ilustres palavras de Lya Luft !!!

sexta-feira, 4 de março de 2011

Estudantes da Unicamp fazem protestos e ocupações na Moradia Estudantil da Universidade


Estudantes em protesto contra a reintegração da casa H9 (Foto:Portal RAC)


Protesto de Estudantes da Moradia Estudantil da Unicamp a Reitoria da Universidade e Ocupação da Administração

Dezenas de estudantes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) iniciaram nesta quarta-feira (02/03) um protesto dentro da moradia da universidade contra a entrada de seis viaturas da Polícia Militar que foram enviadas para cumprir ação judicial de reintegração de posse de uma das casas.

Os alunos ocuparam a casa durante a noite da quarta-feira com barricadas para impedir o despejo dos alunos e reivindicar melhorias na assistência estudantil, além de pedir por uma gestão mais democrática.

Tropa de choque da Polícia para a reintegração da casa H9
Na manhã de quinta-feira (03/03), a tropa de choque esteve na casa ocupada para promover a reintegração do imóvel que, apesar da resistência dos alunos, foi reintegrado a Universidade.

Os alunos permanecem com a mobilização nessa tarde de sexta-feira (04/03) ocupando a Administração da Moradia Estudantil e está agendada para as 17h00 uma assembléia pela qual serão discutidas todas as pautas reivindicadas pelos estudantes. Como também será divulgado um documento que será entregue a Reitoria da Universidade.

Os estudantes convocam todas estudantes e pessoas da comunidade que queiram participar da Assembléia prevista para as 17h00.


O Despejo de um Estudante como Ponto de Partida dos Protestos e as Pautas Reivindicadas

A Ação Judicial, despejando um estudante que morava na casa H9, foi o estopim dos protestos. Segundo a Administração da Universidade, o pedido de reintegração ocorreu por que o estudante viva na casa sem ter o seu cadastro regularizado.

Polícia Militar na Moradia quarta-feira (02/03) (Foto:Portal RAC)
A Polícia Militar foi chamada pela Justiça após a reintegração de posse do imóvel ter sido impedida pela ação dos alunos. De acordo com uma estudante de Doutorado, os estudantes permaneceram na casa, para impedir que alunos sejam despejados, mas que a pauta de exigência dos alunos é mais ampla.

“O posicionamento do Coordenador que não vem decidindo as situações problemáticas no conselho deliberativo, espaço que deveria ser tomada as decisões democraticamente, como também, a situação da lotação das casas da moradia, todo anos são inúmeras pessoas deferidas e chamadas sendo que na verdade não tem vagas”, diz a estudande de Doutorado que não quis se identificar.

Segundo os estudantes envolvidos na mobilização a situação da moradia é caótica, já que não há casas para a quantidade de vagas que a universidade disponibiliza aos estudantes. Uma estudante que não quis se identificar diz “faz 20 anos que os alunos reivindicaram a moradia estudantil, a universidade entrou num acordo de criar 1,5 mil vagas, que na época seria dez por cento da quantidade de estudantes matriculados em toda Unicamp. Mas esse acordo até hoje isso não foi cumprido, a Unicamp tem mais de 30 mil alunos, ou seja, seria necessário 3 mil vagas, e temos somente 900.”

Hoje a Moradia possui 270 casas, com 2000 mil moradores segundo informações dos alunos. De acordo com outra estudante, que também não quis se identificar, a situação que vem ocorrendo por causa dessa desorganização da Universidade “é de desalojar veteranos para abrigar calouros”.

Falta de Meios Democráticos para a solução de problemas

Uma das principais reivindicações dos alunos é a forma como são tomadas as decisões relativas a administração da Moradia Estudantil. As decisões são tomadas pelo Conselho Deliberativo, formado por cinco alunos e cinco professores, mas, de acordo com denúncias dos alunos, o Coordenador Luiz Antonio Viotto não consulta o Conselho quando precisa tomar decisões.
Uma outra estudante diz que essas situações vem ocorrendo há um tempo: “Vários problemas vem ocorrendo com os estudantes, como no ano passado a situação dos Estudantes Africanos que não puderam se inscrever para as bolsas da moradia e só depois de uma mobilização, por parte dos alunos da moradia, que a universidade voltou atrás e permitiu o processo” .
Ela ainda ressalta a conivência da reitoria, da Unicamp, com essas situações “a Unicamp é conivente a tudo isso porque o cargo de administrador não é por eleições democrática realizadas pelo Conselho, mas por indicação da Reitoria, é um cargo de confiança”.

O Posicionamento da Universidade sobre a Situação
Já a Reitoria da Unicamp, em nota, diz que o morador da casa H9, ingressou na graduação em 2004, obteve vaga na Moradia Estudantil da Unicamp em 2007, mas desde 2008 passou a ocupar o imóvel de maneira irregular por não apresentar documentação comprovando seu enquadramento nos critérios sócio-econômicos adotados pelo Programa.
Como também ressalta que desde 2008 até o início de 2011, a Unicamp buscou, por todas os caminhos institucionais e de maneira conciliadora, regularizar a situação do morador, mas não obteve a contrapartida necessária. Em razão do impasse, em fevereiro de 2011 a Unicamp ingressou com pedido de reintegração de posse, que resultou na medida judicial executada nesta quarta-feira (02).
Sobre o Programa de Moradia Estudantil a Reitoria diz ser importante para viabilizar a permanência e o bom desempenho acadêmico de estudantes que não poderiam arcar com custos de habitação em Campinas, razão pela qual devem ser preservados os critérios sócio-econômicos que norteiam seus objetivos.
No entanto, a Universidade não se posiciona sobre a situação da lotação das casas na moradia, como também, não comenta sobre as ações autoritárias, não democráticas do administrador da moradia Estudantil Luiz Antonio Viotto.
Por Francela Pinheiro e Paulo Pastor Monteiro