sábado, 2 de abril de 2011

O outro - Povo Palestino sob o olhar do Alter



O outro o exercício da alteridade do respeito mulher e criança palestina
 


Notícias sobre uma possível paz entre os movimentos palestinos divergentes Fatah e Hamas estão na mídia atualmente. No portal do Jornal O Estado de S.Paulo, encontrei uma manchete sobre o acordo entre esses grupos palestinos, como também, alguns slides ilustrando o histórico conflito entre esses povos, os palestinos e Isarel. Por conseguinte, tudo isso e alguns comentários, que estão abaixo do texto, denunciam a total ignorância dos cidadãos sobre a Questão Palestina. Manipulados ou não pela mídia ocidental, essa constatação é preocupante!!

A mídia ocidental, influênciada pelos Estados Unidos, destaca os palestinos como terroristas, indivíduos violentos, não civilizados, que matam inocentes, enquanto os israelitas são elevados como santos e livre de qualquer culpa.

Será que é daí todas as ideias pré-concebidas e mal interpretadas sobre os palestinos?

Se sim ou não, contudo tudo isso são estereótipos criados em consequência do infalível imperialismo norte americano, como também em decorrência da forte influência do povo Judeu ao mundo ocidental, ora pelo poder econômico que esse povo sempre possuiu, ora por tantos outros motivos não tão esclarecidos.

Por conseguinte, nessa conjuntura os prejudicados são os milhares de cidadãos ocidentais alienados.

Assim, um exercício de alteridade para ver o outro na sua realidade é uma tarefa digna e bárbara, no melhor sentido da palavra.

Ao falar da Questão Palestina, portanto, para ratificar há uma obra que a relata desde seu surgimento com a criação do sionismo até os dias atuais, apresentando uma possível paz. Vale a pena - O Que é a Questão Palestina, de Helena Salem – brasileira de descendência judia, graduada em Ciências Sociais pela UFRJ e Repórter de diversos Jornais brasileiros.

 O sionismo e o aparecimento da Questão Palestina 

O surgimento da Questão Palestina, segundo Salem, surge com o conflito entre Árabes e Judeus e não está ligada ao âmbito Religioso ou pseudo-racial, mas sim na questão política, instigada por fatores sociais, políticos e econômicos. Salem adverte que a disputa entre esses povos surgem com o advento do Sionismo e sua implantação na Palestina. 
A autora também ressalta os fatores pelos quais levaram o povo Judeu ser odiado, perseguido e, a partir daí, tornarem-se imigrantes pelo mundo, principalmente, para o Oriente médio. Segundo a Cientista Social, os judeus formavam o “povo classe”, pela sua influência econômica até o século XIX, mas com o surgimento das burguesias nacionais começaram a ser vistos como inimigos e, daí as perseguições.

A invasão ao território Palestino


Crianças palestinas e um soldado da guerra entre Judeus e Palestinos

Portanto, para uma possível solução dessa situação o povo Judeu implanta o Sionismo na Palestina, apoiados por potências européias como a Inglaterra, criando-se um pandemônio até hoje não resolvido: A Questão Palestina, insuflada, principalmente, depois da criação do Estado Judeu pela ONU em 1947. Daí os primeiros atos terroristas contra Árabes e Ingleses, já que Londres, arrebentado pela II Guerra Mundial, abandona a Questão antes mesmo de 1947.

Criação do Estado de Israel

Em "Os Palestinos, povo errante"  revela como o Estado de Israel foi criado, sob quais condições; a situação dos Palestinos, desapropriados de seus próprios lares e a ação da ONU diante de toda situação. Segundo a autora, o Estado de Israel na Palestina foi criado ignorando a presença do povo Palestino, os quais foram expulsos de suas terras pelo exército sionista, tendo que fugir e refugiar em outros países árabes. Já a ONU, em 1948, cria resoluções para que a volta dos palestinos a suas terras fosse concretizada. Resoluções não atendidas por Israel e, além disso, em 1967 os judeus enfrentam o Povo Palestino na Guerra dos Seis Dias, ocupando inúmeros outros territórios. Logo, diante desse domínio Judeu, o movimento Nacionalista na Palestina só intensificou até os dias atuais.

A Causa das Primeiras Organizações Palestinas

Já no terceiro capítulo a autora comenta sobre as primeiras organizações palestinas contra as ocupações judias na região, o qual da o título de Resistência Palestina. Após quarenta e um anos de exílio, hoje a Palestina possui inúmeras organizações, movimentos nacionalistas e frente populares que lutam pela independência dos estados palestinos. Salem, menciona a primeira manifestação a de 1952 numa universidade em Beirute, além da Revista “Nossa Palestina” a qual conclamava governos para a libertação da palestina do Sionismo. A autora aponta a criação da Organização Libertação da Palestina (OLP), em 1964, pelo Primeiro Congresso Nacional Palestino, como a Organização mais importante e influente dos palestinos, liderada por Al Fatah. A OLP, possuindo seu exército (ELP), propõe a criação de um estado democrático e laico para os Judeus, Cristãos e muçulmanos. Entretanto, surgiram outras organizações de ideologia terrorista na palestina promovendo ações terroristas como aquele Massacre de Munique nas Olimpíadas de 1972. No entanto, segundo a autora, a OLP não concordavam com essas ações, mas também, não as impediam. Salem cita 1973 o ano no qual surge o caminho diplomático – Árabes pela primeira vez conseguiram retomar alguns territórios e vencer os Judeus depois de vinte e cinco anos de derrotas; foi nesse contexto que o petróleo foi usado como “arma de Guerra” pela primeira vez. A Cientista Social ainda destaca a reafirmação da OLP como representante do povo palestino e sua presença da Assembléia Geral da ONU em 1974. Para concluir o capítulo a autora ressalta a consideração do sionismo como racista e segregacionista feito pela ONU e avalia negativamente a cisão da OLP em 1983.

Mulher palestina chora pela questão palestina
Palestinos - Povo Expulso, refugiado e sem Estado

Dentro do ponto de vista de Salem, em "O Estado Palestino", podemos avaliar a situação dos palestinos – povo sem estado independente, sem direitos e obrigações e ressentidos por terem sido invadidos, expulsos de suas próprias terras lutando por um possível acordo entre eles sem propor a expulsão dos Judeus. E para ratificar tal afirmação o texto destaca o reconhecimento do Estado de Israel feito por Arafat, pela primeira vez, em 1988. Como também é ressaltado que apesar da proposta para criar esse estado o povo palestino precisa acertar algumas situações em termos de demografia (Pessoas por território), da economia (criação de novos postos de trabalhos, melhores condições de trabalho, desenvolvimento de infra-estrutura, etc.) e, logo, em termos sociais (Urbanização, entre outras). Salem lembra que esse acordo de paz entre os Árabes e os Judeus ainda tem muito que acertar, já que os Judeus consideram a região da Cisjordânia, que eles dizem ser a Judéia e Samaria, como sagrada e indissociável do Estado Sionista. E nessa conjuntura, palestinos sofrem punições coletivas, perseguições, prisões e torturas, segundo o texto.

O Povo Palestino aos Olhos do Mundo Ocidental

O Que é a Questão Palestina, faz uma análise da situação dos Palestinos em relação à conjuntura internacional e ressalta o acordo de Paz realizado entre Egito, Israel e EUA. Segundo a autora, a OLP não concordou com esse acordo, por não ter tido a participação palestina, como também, vai contra os princípios concordados por esses países, o de “Completa Autonomia”, entre outros. Hoje, diante de informações pautadas por interesses de governos imperialistas, de interesses econômicos diversos o mundo ocidental é levado a pensar que o Povo Palestino é um povo que merece ser exterminado quando na verdade isso é apenas um lado da moeda, existe O Outro para ser visto!!

(O que é a Questão Palestina, Helena Salem)

Notícias Estadão

Fotos: Google

Francela Pinheiro
@fraanss
CLC - Jornalismo Puc-campinas