domingo, 28 de agosto de 2011

A Bicicleta da Jasmim

A dias quando estou descendo para casa, rua jasmim, chácara primavera, passo pela mesma cena: uma pessoa parada olhando, atenciosamente, para uma bicicleta branca estendida e apoiada em uma árvore que fica na calçada de um dos terrenos baldios, mais ou menos na altura do n° 310 da rua mais movimentada do bairro, a rua Jasmim.

Fiquei curiosa para saber o que chamava tanto a atenção dos pedestres e das pessoas que por ali passavam. A bicicleta branca, com um vaso, também pintado de branco, com flores de violeta e um cartaz com texto, com certeza tinha um significado importante... Outra ocasião, li no jornal do bairro que a então bike branca era uma homenagem a um ciclista atropelado naquele ponto da rua.

Fui até a bike branca. Curiosidades a parte, a bicicleta branca, acorrentada na árvore, e as flores de violetas, agora murchas, é, portanto, uma homenagem a um ano da morte de um jovem ciclista, de 23 anos, chamado Magnon Pacheco Aguiar. O jovem era servente e usava uma bicicleta para ir trabalhar diariamente, quando no dia 29 de Julho do ano passado foi atropelado e faleceu quatro dias depois.

A homenagem foi feita pelo grupo Domingueiras Bike, um grupo de mountain bikers de Campinas-SP, criado em maio de 2008 por amigos adoradores do ciclismo. Além da homenagem, os ciclistas Domingueiras Bike, ao homenagear Magnon Pacheco, faz uma reivindicação por mais segurança no trânsito de campinas, com pedido de paz e lembrando todos os motoristas, ciclistas e pedestres que a rua deve ser compartilhada com respeito ao próximo (foto).

Bicicleta, além de sustentável, saudável e não poluente é um meio de transporte alternativo e com grande mobilidade. Na europa, em países como Itália, França (foto), Suíça, entre outros, a cultura do ciclismo é algo admirável. Inúmeras estações de bicicletas existem pelas cidades, das quais todos podem usufruir. Por lá, ruas, parques, estações de metrô e metrôs são adaptados de uma forma inteligente para que ciclistas circulem com total segurança.

No Brasil, a situação, como sempre, é bem diferente. Andar de bicicleta por aqui é correr risco de vida e ficar a mercê da própria sorte, e, culturalmente, pode parecer sinal de pobreza. Entretanto, algumas iniciativas para mudar esse estigma, essa falta de educação, já estão sendo tomadas. Na capital mineira, Belo Horizonte, há um projeto chamado de Pedala BH, o qual promove campanhas de segurança no trânsito, de educação, com a criação de ciclovias e estacionamentos para as magrelas.
Já aqui em campinas, segundo informações divulgadas pela Emdec, são 20Km de ciclovias e ciclo faixas, como a que liga o campus da Unicamp às ruas principais de Barão Geraldo, a ciclovia da lagoa do Taquaral (foto), do Amarais, de Barão do Café e a do parque linear Dom Pedro. Além dessa extensão, a Emdec afirma que há projetos para mais quase 50Kms de vias especiais para ciclistas.

A meu ver esforços como esses com a criação a construção de ciclovias ou ciclo faixas só vão ter resultados efetivos se as prefeituras investir, além de infraestruturas adequadas, em campanhas de educação e segurança no trânsito que leve as pessoas a conscientização de que as ruas não são de uso exclusivo de motos, carros e ônibus.


Brasileiros precisam ser educados a pensar diferente sobre determinadas coisas para que certos tipos de desenvolvimento chegue por aqui. O espaço é público e de todos, respeitar o lugar de cada um é fundamental e não custa caro, custa caro ou não tem preço são as vidas ceifadas como desse jovem ciclista atropelado na rua jasmim!

Foto: Francela Pinheiro e Leo Germani (pirex.com.br)
Apoio texto: domingueirasbikeblog.blogspot.com / pirex.com.br/ emdec.com.br

terça-feira, 23 de agosto de 2011

A legislação da Mídia Campineira

Junho deste ano, quando eu e um cinegrafista da Pucc estava na treze de maio gravando uma passagem para uma reportagem de tele, uma senhora me parou e disse, "por favor moça, diga para o povo que o prefeito e sua mulher também são culpados do que está acontecendo, fala moça", implorava.

Por outras palavras, a senhora referia aos escândalos envolvendo a política campineira e implorava para que a mídia reportasse o que o povo de Campinas não aguentava mais, casos e casos de corrupções que envolvia a prefeitura de Campinas.

Eu, como estudante de jornalismo, gravando uma reportagem que tinha outra pauta e era apenas um trabalho universitário, nada podia fazer por aquela senhora. Mas, os veículos de comunicação, mesmo que talvez agiram por seus inúmeros interesses editoriais, fizeram alguma coisa!

Escândalos políticos que começaram em setembro do ano passado quando o Gaeco e a Corregedoria da Polícia Cívil desmontou um esquema de fraudes em licitações, envolvendo a prefeitura de Campinas e a Sanasa, e prendeu oito pessoas, entre empresários e lobistas, tiveram o clímax na madrugada do último sábado (20), quando o prefeito Hélio de Oliveira Santos, do PDT, conhecido como Dr. Hélio, foi cassado pelos 32 dos 33 vereadores da Camâra Municipal de Campinas.

Dr.Hélio, que contava com o apoio do ex-presidente Lula e do presidente do Supremo José Sarney, foi cassado depois de quase um ano de denúncias, de investigações do Ministério Público, de computadores furtados de autoridades por conter investigações, de inúmeras CPIs sem sucesso, de advogados, que já defenderam até ex-ministros, contratados pela Sanasa por centenas de milhares de reais, de diversas matérias impressas e faladas, de reportagens e chamadas ao vivo diaramente na mídia de Campinas e região e, portanto, depois de 44horas de sessão, com manifestações contrárias e favoráveis, Hélio de Oliveira Santos sofreu o impeachment da história da política de Campinas.

Agora a prefeitura de Campinas fica nas mãos do vice-prefeito e petista Demétrio Vilagra, que em maio deste ano era procurado pela polícia civil por acusações das mesmas denúncias que levaram o Hélio de Oliveira a perder o cargo. Contudo, os vereadores mais uma vez articularam na Camâra Municipal, em continuidade as investigações, e outro pedido de cassação surgiu, entretanto, a justiça determinou a permanência de Demétrio. O que vai acontecer daqui para frente com a política de Campinas os campineiros ainda não podem ter certeza.

Entretanto, de uma coisa é possível ter certeza, como ressalta o cientista político e prof. dr. Pedro Rocha Lemos, "Campinas assistiu vereadores obedecerem ao clamor público, instigado pela mídia, que calorozamente pediam justiça, e decidiram pela aplicação da justiça e não pela aplicação da ética. Pensaram nas suas próximas campanhas, o que levaram a vereadores votarem contra seus próprios aliados".

A meu ver, o poder da mídia, além dos três poderes estabelecidos, judiciário, executivo e legislativo, reforçou os conceitos de que é o quarto poder da sociedade nessa conjuntura da história política de uma das maiores cidades do interior do país, cidade de Campinas, SP.

Que fique registrado!